Uma chamada para o “Amor”

Tenho esperança que, um dia, não muito distante, todos os pais biológicos, assim como os pais adotivos já são, sejam submetidos a uma avaliação psicológica ao conceberem seus filhos. Assim, talvez possamos contribuir para a redução do índice de agressividade moral ou psicológica e física que assola nossas crianças em todas as camadas sociais no Brasil, nos seus lares e em todos os lugares.

filhos, ter ou não

Foto: Freepik

Já passamos da hora de olhar essa questão com a devida responsabilidade, deixando para trás o falso romantismo de se ter um filho apenas para atender nossas necessidades ou nossas vaidades.

Não podemos mais aceitar a falsa ideologia do “Mito do amor materno” que ainda hoje mascara a realidade marcada pelo total desrespeito por nossas crianças, dando de forma incondicional a quem as gerou o direito de tratar como bem entender crianças que em sua maioria não são vistas como seres que pensam, sentem, sofrem e reconhecem, mesmo de forma inconsciente, os seus agressores.

Essas agressões deixam marcas em suas almas para sempre. Marcas que podem ser ressignificadas mas nunca apagadas.

Se somos capazes de nos indignar com o recrutamento de crianças para o exército do estado islâmico, com a história de Malala, a menina que queria ter garantido seu direito de ir à escola, e criarmos a Lei Maria da Penha, somos também capazes de não só nos indignar mas também de começar a mudar nossa atitude frente às agressões sofridas por nossas crianças.

Agressões que presenciamos todos os dias, em todos os lugares, mas que preferimos omitir porque não somos seus pais, legitimando assim que os pais podem agredir!, esquecendo que estamos desrespeitando o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, em vigor desde 1990 (http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10107.htm).

Precisamos salvar as nossas crianças que já nasceram e as que um dia ainda nascerão.

filhos na escola

Foto: Freepik

Você não deve criar filhos enquanto não estiver preparado para ser um criador e para gerar criadores. É errado ter filhos por necessidade, usar um filho para aliviar a solidão, dar sentido à vida reproduzindo a si mesmo em uma cópia. Também é errado procurar a imortalidade lançando um germe seu no futuro – como se o esperma contivesse sua consciência!

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Entretanto, e quanto aos filhos? Eles foram um erro, fui forçado a tê-los, eles foram gerados antes que eu tivesse consciência de minhas escolhas. Mas eles estão aí, eles existem!…. Trecho do livro Quando Nietzsche chorou, de Irvin D. Yalom.

Roseli Freitas