Segunda feira, exatamente 17h40. Na sala de espera de um consultório médico, registro mais um episódio que tem muito o que nos ensinar.

A cena ocorre com um casal de pais jovens, na faixa dos 30 anos, e uma criança de aproximadamente 3 anos de idade. Como a maioria das crianças dessa idade, uma menina cheia de energia e pureza, que parece ainda acreditar em um mundo bom.


Ela brinca alegremente, com seu vestidinho amarelo, rodopiando e rodopiando… Aquela experiência de rodar e rodar até ficar tonta, com a sensação de que vai cair. Quem não se lembra o quanto era divertida essa brincadeira?


Não para minha surpresa, seu pai ordena: “Pára! Pára, senta aqui!”. Ameaçando detê-la pelo braço, a ameaça verbalmente: “Se você não parar, vou te colocar de CASTIGO!”


É claro que ela não atendeu ao seu pedido, ou melhor, não obedeceu a sua ordem.


Qualquer pessoa que tem o mínimo de interesse e respeito pelo desenvolvimento infantil sabe que uma criança aos 2 ou 3 anos não atenderá a tal solicitação.


Primeiro porque, de acordo com algumas linhas da psicologia, a criança nessa fase é egocêntrica, ou seja, está voltada para o seu mundo interior, para sua própria satisfação e prazer. Ela ainda não tem maturidade para entender, discernir e julgar o que deve e o que não deve fazer.


Segundo: por que ela deveria parar de brincar? Se a intenção do pai era evitar um acidente, um mal-estar provocado por uma possível tontura, por que ensiná-la dessa forma tão tirana, punindo-a com castigo?


Qual o propósito de castigar para ensinar? Até quando os pais continuarão praticando essa tirania contra esses pequeninos seres que ainda sequer podem compreender porque estão sendo punidos, quando estão apenas exercitando uma das coisas mais importantes da vida, que é a espontaneidade que perdemos ao longo dos anos? Quando esses pais aprenderão que para ensinar é preciso acolher, apoiar e repetir quantas vezes forem necessárias, até que os filhos cresçam e amadureçam, e que o processo de aprendizagem só ocorre através da repetição?


Para isso, contudo, é preciso primeiro haver respeito, paciência e dedicação por uma pessoa que esses pais afirmam tanto amar.

Roseli Freitas – Coach/Psicóloga