Há muito tempo me faço essa pergunta. Por que as pessoas, ou melhor dizendo, as mulheres, querem ter um filho nos dias atuais? Digo as mulheres porque é fato que normalmente quem mais deseja ter filhos são as mulheres. São principalmente elas que almejam ter filhos, a qualquer preço, independentemente de suas reais possibilidades, até mesmo quando tomaram a decisão de se casar com um homem que elas já sabiam não poder ter filhos.


Ao olharmos para o nosso passado distante, para nossos ancestrais, observamos que eles tinham filhos mas sequer sabiam como nem porquê.

Quando o homem deixou de caçar e descobriu o cultivo da terra, ele passou a perceber que ter filhos representava um bom negócio para aumentar a sua produção, permitindo assim o sustento de sua família e o crescimento de sua propriedade. Além disso, descobriu que ter filhos homens podia ser ainda mais vantajoso, uma vez que a força física masculina o favorecia no trabalho da terra.


Com o início da formação da sociedade, cresce o valor da perpetuação da espécie, principalmente o nascimento de filhos homens para a continuidade do sobrenome da família.


E hoje, qual será o verdadeiro propósito de se querer ter filhos? Com a superpopulação do nosso planeta, não precisamos mais nos preocupar em perpetuar a espécie. O objetivo então seria a mera continuidade do sobrenome da família?


Qual será o grande propósito de se ter um filho para o atual modelo de família? Para a mulher que tem um outro estilo de vida, que trabalha o dia todo, se preocupa com seu desenvolvimento pessoal e profissional, e ainda tem de suprir suas necessidades pessoais? Qual será o real propósito de se ter um filho se essa criança irá acabar passando a maior parte do seu dia na escola, longe dos pais, ou com uma empregada muitas vezes despreparada, ou com avós que não têm condições de educar e acompanhar o desenvolvimento de uma criança nos tempos atuais? Esses pais que terão uma mudança radical em sua rotina, nos seus horários de descanso e lazer, em sua estrutura financeira e em sua vida social? Como conseguirão administrar toda essa demanda?


Por outro lado, se tiverem o sincero e genuíno desejo de amar e cuidar de um ser, contribuindo assim para a construção de um mundo melhor através da formação de seres saudáveis, maduros e realizados, há uma outra alternativa que não a de gerar mais crianças, mas sim adotar uma das tantas que aguardam ansiosamente a oportunidade de ter uma família que cuide delas com amor e respeito à sua condição de ser livre que, se for respeitado e apoiado, poderá construir a sua própria felicidade e ainda dar continuidade ao sobrenome da família.


Roseli Freitas – Coach/Psicóloga