Enquanto o mundo discute os direitos do cidadão, respeitando-o, independentemente da orientação sexual, necessitamos com urgência voltar nossa atenção para dentro de nossos lares.


Enquanto discutimos e pedimos justiça para crimes e agressões físicas cometidas contra crianças, muitas vezes pelos próprios pais, precisamos repensar nossa postura, que pode estar sendo de total conivência frente a verdadeiras mutilações psicológicas cometidas contra nossos próprios filhos.


Não raro, observamos pais com seus discursos prontos, que se dão o direito de julgar, condenar e até punir aqueles considerados agressores, quando mostrados na televisão, nos jornais e em outros meios de comunicação.

Porém, se olharmos com um pouco mais de atenção para o pai de um filho do sexo masculino, com frequência iremos observar a disseminação do que podemos classificar como “atitudes de extremo preconceito”.

Precisamos, com urgência, reavaliar certas atitudes que ocorrem em cenários aparentemente inofensivos entre amigos, familiares e, principalmente, na presença do pai, que podem representar o início de um caminho de humilhação na vida de um menino. Cenas de humilhação que muitas vezes têm início nos primeiros anos de vida de alguém que podemos ainda chamar de “meu bebê”. Um bebê que aos poucos vai descobrindo o mundo. Um mundo que se faz presente através do brilho, das cores e dos movimentos.


Cores e movimentos que se apresentam na maioria das vezes pela imagem dos objetos considerados “femininos”. Ele descobre um mundo de magia e possibilidades através das cores e saltos altos dos sapatos e botas, do som dos adornos e do colorido das roupas “cor-de-rosa”.


Magia que o leva a olhar, aproximar-se, tocar, sentir, e experimentar. É possível ver em seus pequeninos olhos o brilho e a alegria de sua alma pela nova descoberta. Um mundo “cor-de-rosa” que só ele vê.


Descoberta que deveria também contagiar a todos que o cercam e afirmam amá-lo incondicionalmente. Contudo, o que presenciamos é o deboche, a piada, a crítica, a profecia preconceituosa e destrutiva do “ser”.

É exatamente nesse momento que são bloqueadas as forças pessoais desse pequenino “ser”, mapeadas pela Psicologia Positiva, que nos pertencem, e que quando as exercemos encontramos a tão desejada Felicidade.

Forças que elevam e constroem um “ser”. Um ser com curiosidade e interesse pelo mundo, gosto pela aprendizagem, pensamento crítico e lucidez, originalidade, inteligência emocional, bondade e generosidade, cidadania, imparcialidade, autocontrole, apreciação à beleza, bom humor, gratidão, entusiasmo e esperança.


Esperança. Devemos continuar tendo esperança de que um dia nossas crianças, sejam meninos ou meninas, possam fazer suas próprias escolhas e decidam por si próprios a cor de suas botas, de suas camisas, e de suas vidas. E vamos torcer para que eles se permitam escolher também a “cor-de-rosa”.

Roseli Freitas – Coach/psicóloga